Eliphas Levi Zahed é tradução hebraíca de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX.
Aos dez anos de idade ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault. Este selecionava os garotos mais inteligentes, que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. No seminário, teve a oportunidade de aprofundar-se nos estudos lingüisticos e aos dezoito anos já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.
Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy para cursar Filosofia. Dois anos mais tarde, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, intitulado Nemrod; no grande seminário de Saint-Sulpice criou seus primeiros poemas religiosos. Após seu curso de Teologia, Eliphas ingressou nas ordens maiores, sendo ordenado sub-diácono e encarregado de ministrar o catecismo para meninas.
Eliphas Levi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835; em maio de 1836 teria sido ordenado sacerdote se não tivesse confessado a seu superior o amor que devotava à uma jovem. Suas convicções religiosas receberam um choque tão grande, que Eliphas sentiu-se jogado fora da carreira eclesiástica.
Após 15 anos de estudos, Eliphas deixou o grande seminário para ingressar no mundo, tinha então vinte e seis anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado, sem experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros, uma revista denominada “As Belas Mulheres de Paris”, na qual aplicava-se como desenhista e pintor e Esquirros como redator.
Esquirros: Nasceu em Paris em 1814; foi autor de Magicien (1834), Charlotte Corday (1840), Evangile du Peuple (1840); exilado na Inglaterra em 1851, retornou à França em 1869, após a queda do império. Foi nomeado administrador da região de Bouches-du-Rhone, onde tomou medidas enérgicas do ponto de vista econômico e administrativo. Suspendeu o jornal La Gazette du Midi e dissolveu a congregação dos Jesuítas de Marselha; esses atos foram desfeitos pela administração superior, o que culminou com sua demissão. Foi reeleito deputado para a Assembléia Nacional em 1871. O papel que desempenhou como político à partir desta data, foi sem expressão.
Eliphas não tinha perdido sua inclinação para a vida religiosa. Despedindo-se de Esquirros, partiu em 1839 para o convento de Solesmes, dirigido por um abade rebelde. Lá, Eliphas encontrou uma biblioteca com mais de 20.000 volumes, iniciando-se na leitura dos antigos Padres da Igreja, dos Gnósticos e de alguns livros ocultistas, principalmente os da Senhora Guyon: “A vida e os escritos dessa mulher sublime (diz-nos Eliphas) abriram-me as portas de inúmeros mistérios que ainda não tinha podido penetrar; a doutrina do puro amor e da obediência passiva de Deus desgostaram-me inteiramente da idéia do inferno e do livre arbítrio; vi Deus como o ser único, no qual deveria absorver-se toda personalidade humana. Vi desvanecer o fantasma do mal e bradei: um crime não pode ser punido eternamente; o mal seria Deus se fosse infinito!”.
Eliphas vislumbrou, através do Spiridion e de outros escritos dessa autora, o reino futuro do Espírito Santo, o trabalho do homem de amanhã. Partiu de Solesmes sem dinheiro, sem roupas, mas com uma profunda paz no coração. Não acreditava mais no inferno.
Eliphas Levi passou, então, de emprego em emprego, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação custou-lhe oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.
Foi mais ou menos por essa época que conheceu os escritos de Swedenborg. Segundo Eliphas, tais escritos não contêm toda a verdade, mas conduzem o neófito com segurança na senda.
Saindo da prisão, realizava pequenos trabalhos, principalmente, a pintura de quadros e murais de igrejas e colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, que o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim em 1845, aos trinta e cinco anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O Livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.
Em 13 de julho de 1846 casou-se com Marie Noémi Cadiot, matrimônio que durou sete anos. Esse casamento foi para ele um suplício. Instigado pela mulher, lançou-se a escrever panfletos políticos, resultando-lhe um segundo período de cárcere. Em 3 de fevereiro de 1847, foi condenado a um ano de prisão e ao pagamento de mil francos de multa, acusado de levar o povo ao ódio e ao desprezo do governo imperial. Sua mulher, grávida, percorreu os ministérios a fim de obter a redução da pena imposta a seu marido, o que conseguiu após seis meses.